Resumo Científico para a XXII Jornada de Iniciação Científica - UFRRJ / novembro de 2012


UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

XXII JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

 


A educação e a imaginação: Experiências; recortes, sugestão e construção.

 

Natasha Norberto dos Santos¹; Gislane Alves Ribeiro² & Luciana Diláscio Neves³

 

1. Bolsista De Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, Discente do curso de Licenciatura em Belas Artes; 2. Bolsista de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, DISCENTE DO Curso de Licenciatura em Belas Artes; 3. Coordenadora do PIBID Belas Artes/CAPES/UFRRJ, Professora do Curso de Licenciatura em Belas Artes/DARTES/UFRRJ

 

Palavras-chave: Arte, Imaginação, Aspectos sugestivos, Educação.

 

Introdução

 

O Trabalho apresentado originou-se de propostas vinculadas às atividades do PIBID Belas Artes nas escolas de educação básica vinculadas ao Programa. A atividade em questão foi desenvolvida em oficina organizada pelos bolsistas, sendo concretizada com os alunos do 6º ano do ensino fundamental do Centro de Atenção Integral à Criança – CAIC Paulo Dacorso Filho. As propostas didáticas desenvolvidas na oficina em questão relacionam-se à análise desenvolvida dentro do referido PIBID, objetivando a utilização de recortes, sejam a partir de papéis coloridos ou outros materiais com texturas e sentidos táteis variados, visando, a partir de uma construção lúdica com estes materiais, despertar aspectos sugestivos relacionados às formas, materiais e às vivências dos alunos, e que proporcione articulação de sensações, sentidos e significados. A utilização dos recortes possibilita estimular a percepção e despertar sensações e sentidos relacionados aos aspectos das configurações, das cores, das texturas, assim como da semântica que estará relacionada aos elementos utilizados na construção de uma imagem através dos recortes. 

 

Material e Método

 

A atividade realizada foi desenvolvida a partir de recortes previamente elaborados e dispostos para os alunos do CAIC participantes da oficina. Os recortes apresentavam configurações diferenciadas, algumas abstratas, outras, apresentando um conteúdo semântico familiar, como uma planta, fruta, casa etc. Além disto, estas configurações variavam em cores e tamanhos. A ideia inicial era fazer experiências principiando com alguns estímulos, gerados através de um tipo de melodia, de história, conto ou poema, que despertasse determinadas sensações ou sentimentos, e que, a partir disto os fizessem estabelecer certas associações com as formas, cores e conteúdos dispostos através dos recortes, e constatando em que medida, as associações estabelecidas por cada aluno se relacionavam ou se divergiam. Ana Mae Barbosa menciona algumas atividades didáticas desenvolvidas por alguns arte-educadores nos anos 70 que visavam tornar o olhar ativo para o que a forma está dizendo, buscando demonstrar a relação entre as formas e os sentidos, tal como na sugestão a seguir: “Ouça Pedro e o Lobo de Prokofiev. Como o compositor utilizou o som para descrever o menino, o homem, o avô?” (in BARBOSA, 1991, p.45). No mesmo livro, em uma proposta posterior, sugere-se uma atividade em que se reúnam formas indefinidas e diferentes, cada uma numa folha de papel, pedindo aos alunos para assinalarem se cada forma é, segundo o exemplo citado, jovem ou velha. Numa atividade deste tipo, outros aspectos sugestivos podem ser assinalados, tais como, se são leves ou pesadas, expansivas ou introspectivas, maleáveis ou rígidas etc. No entanto, tais experiências foram apenas introduzidas dentro das pesquisas e análises realizadas pelo PIBID Belas Artes. A proposta de oficina aqui mencionada, após breves atividades a respeito do potencial sugestivo das formas, apenas indicou que fosse realizado uma construção coletiva de uma imagem, sobre uma folha de papel retangular, tamanho A2, a partir da articulação dos recortes sobre a folha, segundo um clima ou sentimento geral despertado, ou seja, o desfecho da oficina com os alunos do CAIC, partiu da introdução de um tema ou da reverberação de um imaginário que visou conduzir a construção lúdica de uma imagem a partir dos recortes.

 

Resultado e Discussão

 

Segundo a educadora Fayga Ostrower, a palavra é uma forma que, por ser forma, abrange níveis de significação. No entanto, como menciona a pensadora, “além das verbais existem outras formas. São ordenações de uma matéria, formas igualmente simbólicas cujo conteúdo expressivo se comunica” (2008, p. 34). Em outro livro de Ana Mae Barbosa (2002), a autora analisa no capítulo VI, o pensamento de outra educadora, Artus Perrelet, em que a mesma mostra que os elementos da forma (no caso, a autora se refere a elementos do desenho, tais como a linha, o ritmo) são “símbolos do mundo interno e da realidade” (in BARBOSA, 2002, p. 109).  Adiante, Artus Perrelet dirá que os símbolos são produções intelectuais importantes para o desenvolvimento do raciocínio, mas somente se tal objetivo se referir ao “descobrimento” de símbolos pela criança que possam emergir de sua relação íntima com a própria vida, e não como uma massa de ideias arbitrárias e sem sentido para ela, impostas de dentro para fora. De acordo com Ana Mae, os métodos propostos por Perrelet são ações facilitadoras da relação entre o sujeito com suas experiências e o objeto com suas características. Assim, acreditamos que atividades que visem o despertar de sentidos que podem se apresentar nas formas ao redor, são fundamentais para as articulações internas das experiências de significação dos próprios indivíduos. Embora as experiências deste tipo realizadas pelo PIBID Belas artes nas escolas tenham sido ainda muito preliminares, vislumbramos grandes possibilidades.

 

Conclusão

 

Atividades que resultem em uma apreciação direta dos significados da experiência, e que possam estimular nos próprios alunos a “descoberta” e/o conscientização de “sentidos”, sem que estes sejam simplesmente determinados de fora para dentro, permite, segundo acreditamos, propiciar aos indivíduos uma inserção mais ativa no mundo. Ações deste tipo nas escolas podem contribuir para que os alunos possam sistematizar suas experiências através de um contato mais direto com as formas, as imagens e o entorno. Segundo compreendemos, para Perrelet, seria fundamental que a escola fornecesse situações nas quais a participação pessoal e imaginativa do indivíduo estivesse integrada aos problemas apresentados a serem resolvidos por sua realidade. E, em acordo com John Dewey: “A imaginação é o meio de apreciação em todos os campos, [...] a atuação da imaginação é a única coisa que torna qualquer atividade mais do que algo mecânico” (in BARBOSA, 2002, p. 114).

 

Referências Bibliográficas

 

ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. Editora: Pioneira, 1998.
 
______________.  Intuição e Intelecto na Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

BARBOSA, Ana Mae. Jonh Dewey e o Ensino da Arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.

_________________. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 2005.

BRASIL. Secretária da Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte/ Secretaria da Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

MEIRELES, Cecília. Crônicas de Educação, 5 vols. (obra em prosa). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1983.

________________. Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis: Editora Vozes, 2008.