UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO
RIO DE JANEIRO
XXII
JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
A
educação e a imaginação: Experiências; recortes, sugestão e construção.
Natasha Norberto dos Santos¹; Gislane
Alves Ribeiro² & Luciana Diláscio Neves³
1. Bolsista De
Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, Discente do curso de Licenciatura em Belas Artes ; 2.
Bolsista de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, DISCENTE DO Curso de Licenciatura
em Belas Artes ;
3. Coordenadora do PIBID Belas Artes/CAPES/UFRRJ, Professora do Curso de
Licenciatura em Belas
Artes /DARTES/UFRRJ
Palavras-chave: Arte,
Imaginação, Aspectos sugestivos, Educação.
Introdução
O Trabalho
apresentado originou-se de propostas vinculadas às atividades do PIBID Belas
Artes nas escolas de educação básica vinculadas ao Programa. A atividade em
questão foi desenvolvida em oficina organizada pelos bolsistas, sendo concretizada
com os alunos do 6º ano do ensino fundamental do Centro de Atenção Integral à
Criança – CAIC Paulo Dacorso Filho. As propostas didáticas desenvolvidas na
oficina em questão relacionam-se à análise desenvolvida dentro do referido
PIBID, objetivando a utilização de recortes, sejam a partir de papéis coloridos
ou outros materiais com texturas e sentidos táteis variados, visando, a partir
de uma construção lúdica com estes materiais, despertar aspectos sugestivos
relacionados às formas, materiais e às vivências dos alunos, e que proporcione
articulação de sensações, sentidos e significados. A utilização dos recortes
possibilita estimular a percepção e despertar sensações e sentidos relacionados
aos aspectos das configurações, das cores, das texturas, assim como da
semântica que estará relacionada aos elementos utilizados na construção de uma
imagem através dos recortes.
Material e Método
A atividade realizada
foi desenvolvida a partir de recortes previamente elaborados e dispostos para
os alunos do CAIC participantes da oficina. Os recortes apresentavam
configurações diferenciadas, algumas abstratas, outras, apresentando um
conteúdo semântico familiar, como uma planta, fruta, casa etc. Além disto,
estas configurações variavam em cores e tamanhos. A ideia inicial era fazer
experiências principiando com alguns estímulos, gerados através de um tipo de
melodia, de história, conto ou poema, que despertasse determinadas sensações ou
sentimentos, e que, a partir disto os fizessem estabelecer certas associações
com as formas, cores e conteúdos dispostos através dos recortes, e constatando
em que medida, as associações estabelecidas por cada aluno se relacionavam ou
se divergiam. Ana Mae Barbosa menciona algumas atividades didáticas
desenvolvidas por alguns arte-educadores nos anos 70 que visavam tornar o olhar
ativo para o que a forma está dizendo, buscando demonstrar a relação entre as
formas e os sentidos, tal como na sugestão a seguir: “Ouça Pedro e o Lobo de
Prokofiev. Como o compositor utilizou o som para descrever o menino, o homem, o
avô?” (in BARBOSA, 1991, p.45). No mesmo livro, em uma proposta posterior,
sugere-se uma atividade em que se reúnam formas indefinidas e diferentes, cada
uma numa folha de papel, pedindo aos alunos para assinalarem se cada forma é,
segundo o exemplo citado, jovem ou velha. Numa atividade deste tipo, outros
aspectos sugestivos podem ser assinalados, tais como, se são leves ou pesadas,
expansivas ou introspectivas, maleáveis ou rígidas etc. No entanto, tais
experiências foram apenas introduzidas dentro das pesquisas e análises
realizadas pelo PIBID Belas Artes. A proposta de oficina aqui mencionada, após
breves atividades a respeito do potencial sugestivo das formas, apenas indicou
que fosse realizado uma construção coletiva de uma imagem, sobre uma folha de
papel retangular, tamanho A2, a partir da articulação dos recortes sobre a
folha, segundo um clima ou sentimento geral despertado, ou seja, o desfecho da oficina
com os alunos do CAIC, partiu da introdução de um tema ou da reverberação de um
imaginário que visou conduzir a construção lúdica de uma imagem a partir dos
recortes.
Resultado e Discussão
Segundo a educadora
Fayga Ostrower, a palavra é uma forma que, por ser forma, abrange níveis de
significação. No entanto, como menciona a pensadora, “além das verbais existem
outras formas. São ordenações de uma matéria, formas igualmente simbólicas cujo
conteúdo expressivo se comunica” (2008, p. 34). Em outro livro de Ana Mae
Barbosa (2002), a autora analisa no capítulo VI, o pensamento de outra
educadora, Artus Perrelet, em que a mesma mostra que os elementos da forma (no
caso, a autora se refere a elementos do desenho, tais como a linha, o ritmo)
são “símbolos do mundo interno e da realidade” (in BARBOSA, 2002, p. 109). Adiante, Artus Perrelet dirá que os símbolos
são produções intelectuais importantes para o desenvolvimento do raciocínio,
mas somente se tal objetivo se referir ao “descobrimento” de símbolos pela
criança que possam emergir de sua relação íntima com a própria vida, e não como
uma massa de ideias arbitrárias e sem sentido para ela, impostas de dentro para
fora. De acordo com Ana Mae, os métodos propostos por Perrelet são ações
facilitadoras da relação entre o sujeito com suas experiências e o objeto com
suas características. Assim, acreditamos que atividades que visem o despertar
de sentidos que podem se apresentar nas formas ao redor, são fundamentais para
as articulações internas das experiências de significação dos próprios
indivíduos. Embora as experiências deste tipo realizadas pelo PIBID Belas artes
nas escolas tenham sido ainda muito preliminares, vislumbramos grandes
possibilidades.
Conclusão
Atividades que resultem
em uma apreciação direta dos significados da experiência, e que possam
estimular nos próprios alunos a “descoberta” e/o conscientização de “sentidos”,
sem que estes sejam simplesmente determinados de fora para dentro, permite,
segundo acreditamos, propiciar aos indivíduos uma inserção mais ativa no mundo.
Ações deste tipo nas escolas podem contribuir para que os alunos possam
sistematizar suas experiências através de um contato mais direto com as formas,
as imagens e o entorno. Segundo compreendemos, para Perrelet, seria fundamental
que a escola fornecesse situações nas quais a participação pessoal e
imaginativa do indivíduo estivesse integrada aos problemas apresentados a serem
resolvidos por sua realidade. E, em acordo com John Dewey: “A imaginação é o
meio de apreciação em todos os campos, [...] a atuação da imaginação é a única
coisa que torna qualquer atividade mais do que algo mecânico” (in BARBOSA, 2002,
p. 114).
Referências Bibliográficas
ARNHEIM,
Rudolf. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. Editora:
Pioneira, 1998.
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BARBOSA, Ana Mae. Jonh Dewey e o Ensino da Arte no Brasil.
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BRASIL.
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Curriculares Nacionais: Arte/ Secretaria da Educação Fundamental.
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MEIRELES,
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OSTROWER,
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Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis: Editora Vozes, 2008.