UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO
RIO DE JANEIRO
XXII
JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Visita
a uma exposição: Leitura de imagens – do pensamento verbal ao visual.
Rogério Corrêa¹; Thais Souza da Mota
Rodrigues²; Luciana França da Costa³ & Luciana Diláscio Neves
1.Bolsista
de Iniciação à Docência PIBID/CAPES, Discente do Curso de Licenciatura em Belas Artes /UFRRJ; 2.
Bolsista de Iniciação à Docência PIBID/CAPES, Discente do Curso de Licenciatura
em Belas Artes /UFRRJ;
3. Bolsista de Iniciação à Docência PIBID/CAPES, Discente do Curso de
Licenciatura em Belas
Artes /UFRRJ 4. Coordenadora do PIBID Belas Artes
/CAPES/UFRRJ, Professora do Curso de Licenciatura em Belas Artes /DARTES/UFRRJ
Palavras Chaves: Imagem, Arte, Leitura
visual, Educação.
Introdução
Este
trabalho surgiu da proposta de visita à exposição de réplicas de obras do
Pintor Cândido Portinari (1903-1962), realizada pelo Projeto Portinari durante
a festa da Cultura em Paracambi, em julho de 2012. Proposta que foi organizada
pelo PIBID Belas Artes junto à direção escolar do CAIC Paulo Dacorso Filho,
visando levar à referida exposição, alunos do 7º e 8º ano do ensino
fundamental. As atividades programadas pelo PIBID Belas Artes vinculadas à ida
a exposição envolveu a dinâmica de leitura visual das obras do mencionado
pintor. Esta iniciativa, segundo Ana Mae Barbosa (1991, p. 43) foi muito
divulgada nos escritos de educadores nos anos 60, tendo chegado aos livros de
orientação didática nos anos 70. Enfatizavam a leitura de obras visuais
salientando a exploração dos significados possíveis, uma vez que a obra, neste
ponto de vista, é entendida no seu potencial de sumarizar múltiplos
significados. As questões fundamentais que envolvem esta proposta se baseiam na
tendência em tornar elementos sensíveis da visualidade, atuantes na apreensão
dos significados da imagem, estimulando a sensibilidade, e alterando uma
cultura verbalmente orientada para uma cultura visualmente orientada.
Material
e Métodos
Após
observarem as imagens do pintor Cândido Portinari e terem vivenciado alguns
aspectos das mesmas através de propostas simples de desenho que visaram
despertar à percepção destas imagens, foram entregues aos alunos do CAIC uma
folha em que deveriam descrever verbalmente o que viam na pintura; e se achavam
que era uma obra de arte. Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo se
ateve a uma imagem do pintor. Basicamente, foi uma atividade inicial que teve
como propósito,a partir das respostas dos alunos da educação básica, refletir
futuras perspectivas dentro do PIBID Belas Artes, no que diz respeito à análise
de mecanismos e processos vinculados às atividades didáticas no ensino de Artes
que possam ampliar os significados da experiência a partir do contato com obras
artísticas.
Resultado
e Discussão
Inicialmente,
a principal reflexão sobre a proposta da leitura visual de obras artísticas
utilizada na arte-educação, foi a possibilidade deste procedimento em estimular
a percepção e a sensibilidade a partir do contato com as imagens, considerando
a capacidade de expansão dos significados das experiências do indivíduo frente
à realidade. Importante observar como aspectos sugestivos podem se “condensar”
na apreensão das imagens como um todo. Da mesma maneira, considera-se o
desenvolvimento da capacidade crítica que se desenvolve através do ato de ver,
assimilando o comportamento do que se vê, interagindo as valorações culturais e
históricas que possam se apresentar em cada imagem, com o imaginário e mundo
interno de cada indivíduo. Considera-se a importância da apreensão de
“sentidos” que estão expressos nas imagens, sem a utilização de palavras, e
ilustramos com a descrição de uma aluna do 9º ano da escola em contato com a
pintura “Retirantes” de Portinari: “É uma imagem interessante, diferente,
chamativa e bem criativa. É como se fosse um clamor dos povos mais pobres, um
desabafo de quem já cansou de falar. Demonstra claramente o sofrimento daquele
povo, a voz que já não se ouve mais. É uma imagem bem obscura, com uma sensação
de morte, de tristeza, solidão e abandono [...] uma obra de arte é feita para o
autor expor seus sentimentos através dela, e ali Portinari fez o que poucos
fariam, transmitiu para a tela o quanto aquele povo sofreu”. A observação da
aluna demonstra que a mesma, na interatividade de seu mundo interno com a forma
expressiva da obra, apreendeu um conteúdo que ultrapassa o que sua descrição
literal poderia dizer.
Conclusão
Num
processo ainda preliminar de experiências, a atividade demonstrou que o contato
com imagens artísticas podem contribuir para uma riqueza de significados, e
consequentemente, propiciando maior possibilidade de compreensão do mundo. Para
além do que a linguagem verbal consegue “fixar”, a realidade de um indivíduo é
composta por elementos sugestivos de seu imaginário, sensíveis, emotivos que,
necessariamente não se expressam completamente por palavras, mas que compõem
igualmente a urdidura de significados que se vinculam a nossa vivência. O
contato com estas imagens são, portanto, processos de sensibilização e
conscientização.
Referências
Bibliográficas
ARNHEIM,
Rudolf. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia da Visão Criadora. Editora:
Pioneira, 1998.
______________. Intuição e Intelecto na Arte. São Paulo:
Martins Fontes, 2004.
BARBOSA, Ana
Mae. A Imagem no Ensino da Arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo:
Perspectiva, 1991.
BRASIL.
Secretária da Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Arte/ Secretaria da Educação Fundamental.
Brasília: MEC/SEF, 1998.
READ,
Herbert. A educação pela Arte.
São Paulo: Martins Fontes, 2002.