Resumo Científico para XXI Jornada de Iniciação Científica - UFRRJ / novembro de 2011



Raízes Brasileiras: A Cultura Marajoara no Ensino Básico Público

Gildásio Miranda do Carmo¹; Karina Sugio²; Natália Mano Saraiva³  & Luciana Diláscio Neves4.

1. Bolsista de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, Discente do Curso de Licenciatura Belas Artes; 2. Bolsista de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, Discente do Curso de Licenciatura Belas Artes; 3. Bolsista de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, Discente do Curso de Licenciatura Belas Artes; 4.  Coordenadora do PIBID/CAPES/UFRRJ, Professora do Curso de Licenciatura Belas Artes da UFRRJ.

Palavras-chave:  Brasilidade; Pesquisa; Oficina; Educação Básica.

Introdução

Trabalho desenvolvido e realizado pelos bolsistas do Programa de Iniciação à Docência – PIBID do curso de Licenciatura Belas Artes da UFRRJ, junto ao CAIC Paulo Dacorso Filho, instituição escolar da educação básica vinculada ao programa. Este trabalho surgiu da proposta de uma oficina sobre Arte Marajoara, a ser realizada com os alunos do 7º e 8º ano do fundamental do CAIC. Os trabalhos resultantes desta oficina iriam participar da Feira Cultural do Município de Seropédica, em outubro de 2010, e o motivo escolhido para a oficina estaria relacionado com o contexto próprio desta Feira Cultural. Embasado em uma coletânea de pesquisas sob o tema Marajoara, o trabalho buscou contextualizar sobre a antiga cultura desenvolvida por povos que viveram no Brasil antes do processo de colonização, utilizando-se assim, da observação de seus grafismos, tendo como suporte a cerâmica (vasos, ânforas, urnas, estatuetas, máscaras...), de temática zoomórfica e antropomórfica, tratada de maneira mística e carregada de espiritualidade. Segundo DANTAS (2005), o homem pré-histórico "criou a matriz estética do que deve ser considerado o pilar da história da arte". Com o intuito de resgatar elementos que fizeram parte da origem da cultura brasileira, mítica e profunda, foram utilizadas imagens impressas (em especial, fotos de ornatos e padrões decorativos presentes nos artefatos e objetos Marajoaras) como material didático para o desenvolvimento da oficina de composição e pintura (com os alunos do 7º e 8° ano do ensino fundamental do CAIC) a partir dos padrões decorativos observados. Assim, o trabalho proposto foi orientado para recriações a partir do material citado acima, motivando os respectivos alunos a terem contato com as raízes da cultura nacional e explorar os elementos, de aspecto marcante, que se encontram ainda hoje na confecção de objetos cotidianos de algumas comunidades, através dos mestres ceramistas da Região Norte.

Material e Métodos

Definimos três etapas para desenvolver e organizar o trabalho: a) Pesquisa e levantamento de fontes e estudo dos textos que tivemos como referência para a criação de uma apresentação inicial sobre a oficina; b) Utilização de data show para breve apresentação sobre a história da Arte Marajoara, sua origem, localização geográfica, estudo antropomórfico do povo; c) Realização da parte prática da oficina. Na primeira etapa, os bolsistas elaboraram material didático para a referida oficina, fazendo levantamento das imagens a serem utilizadas. Realizaram também um estudo cromático (guache sobre cartão), recriando composições, fazendo uso de padrões decorativos que ornavam peças utilitárias deste povo. Tais composições foram usadas como referência para os alunos do CAIC. Na oficina, desenvolveu-se assim, com os alunos da escola, uma atividade prática envolvendo composição e pintura, a partir da observação dos padrões, ornatos e elementos gráficos presentes em artefatos e objetos Marajoaras. Sendo trabalhado a percepção visual e a noção de equilíbrio cromático, utilizando-se mais das cores quentes do que das frias, dos tons terrosos e vermelhos – característica básica dos ornatos marajoaras –, explorando o potencial criativo dos alunos na vivência com os elementos gráficos desta rica cultura. Também foi trabalhado com os alunos as variações e misturas possíveis das cores a serem utilizadas na estruturação da composição, ressaltando que além das formas, as cores são uma das características importantes do estilo desta cultura.

Resultados e Discussão

A partir do momento em que há acesso às diversas culturas podem ser explorados seus elementos, incorporando-os e transfigurando-os em meio à contemporaneidade que se encontra a sociedade. Sendo uma de suas iniciativas, a visão magisterial dirige-se, no âmbito da educação básica, em fixar no segmento do ensino fundamental a busca por uma concepção de arte que se realize através de pesquisas e discussões sobre a fomentação de um senso de brasilidade. Em contato com a Arte Marajoara, buscando em seu seio a realidade, a cultura vivenciada por um povo do qual descendemos, contribui para o sentimento de identidade com nossas raízes.

Conclusão

A oportunidade para difundir a cultura brasileira, tão rica e diversificada, é vista como merecedora de iniciativas e estratégias que busquem estimular e revalorizar tais saberes na vivência dos alunos da educação básica. Desta maneira é possível colher elementos díspares de nossa cultura, trabalhando-os como material didático, fazendo os alunos explorarem tal imaginário, na medida em que se envolvem numa cultura rica em formas e conteúdos; estimulando o potencial criativo e agregando tal conhecimento nas vivências do seu cotidiano.

Referências Bibliográficas

ROSA, Cassia Santos da. Ilusão e Paraíso: História e Arqueologia na Amazônia. Belém, 2008. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em história Social da Amazônia), Universidade Federal do Pará.

SCHAAN, Denise Pahl. A Linguagem Iconográfica da Cerâmica Marajoara. Porto Alegre, 1996. Dissertação (Mestrado em História) - Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

____________________. A ceramista, seu pote e sua tanga: identidade e significado em uma comunidade Marajoara. São Paulo, 2003, Simpósio Cultura Material e Significado, 12º Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira.

____________________. Long-Term Human Induced Impacts on Marajó Island Landscapes, Amazon Estuary. Belém, PA. Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal do Pará, dezembro, 2009.