Raízes
Brasileiras: A Cultura Marajoara no Ensino Básico Público
Gildásio Miranda do Carmo¹; Karina Sugio²; Natália Mano
Saraiva³ & Luciana
Diláscio Neves4.
1. Bolsista de
Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, Discente do Curso de Licenciatura Belas
Artes; 2. Bolsista de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UFRRJ, Discente do Curso
de Licenciatura Belas Artes; 3. Bolsista de Iniciação à Docência
PIBID/CAPES/UFRRJ, Discente do Curso de Licenciatura Belas Artes; 4. Coordenadora do PIBID/CAPES/UFRRJ, Professora
do Curso de Licenciatura Belas Artes da UFRRJ.
Palavras-chave: Brasilidade; Pesquisa; Oficina; Educação
Básica.
Introdução
Trabalho
desenvolvido e realizado pelos bolsistas do Programa de Iniciação à Docência –
PIBID do curso de Licenciatura Belas Artes da UFRRJ, junto ao CAIC Paulo
Dacorso Filho, instituição escolar da educação básica vinculada ao programa. Este trabalho surgiu
da proposta de uma oficina sobre Arte Marajoara, a ser realizada com os alunos
do 7º e 8º ano do fundamental do CAIC. Os trabalhos resultantes desta oficina
iriam participar da Feira Cultural do Município de Seropédica, em outubro de
2010, e o motivo escolhido para a oficina estaria relacionado com o contexto
próprio desta Feira Cultural. Embasado em uma coletânea de
pesquisas sob o tema Marajoara, o trabalho buscou contextualizar sobre a antiga
cultura desenvolvida por povos que viveram no Brasil antes do processo de
colonização, utilizando-se assim, da observação de seus grafismos, tendo como
suporte a cerâmica (vasos, ânforas, urnas, estatuetas, máscaras...), de
temática zoomórfica e antropomórfica, tratada de maneira mística e carregada de
espiritualidade. Segundo DANTAS (2005), o homem pré-histórico "criou a
matriz estética do que deve ser considerado o pilar da história da arte".
Com o intuito de resgatar elementos que fizeram parte da origem da cultura
brasileira, mítica e profunda, foram utilizadas imagens impressas (em especial,
fotos de ornatos e padrões decorativos presentes nos artefatos e objetos
Marajoaras) como material didático para o desenvolvimento da oficina de
composição e pintura (com os alunos do 7º e 8° ano do ensino fundamental do
CAIC) a partir dos padrões decorativos observados. Assim, o trabalho proposto foi
orientado para recriações a partir do material citado acima, motivando os
respectivos alunos a terem contato com as raízes da cultura nacional e explorar
os elementos, de aspecto marcante, que se encontram ainda hoje na confecção de
objetos cotidianos de algumas comunidades, através dos mestres ceramistas da
Região Norte.
Material e
Métodos
Definimos três
etapas para desenvolver e organizar o trabalho: a) Pesquisa e levantamento de
fontes e estudo dos textos que tivemos como referência para a criação de uma
apresentação inicial sobre a oficina; b) Utilização de data show para breve apresentação sobre a história da Arte
Marajoara, sua origem, localização geográfica, estudo antropomórfico do povo;
c) Realização da parte prática da oficina. Na primeira etapa, os bolsistas
elaboraram material didático para a referida oficina, fazendo levantamento das
imagens a serem utilizadas. Realizaram também um estudo cromático (guache sobre
cartão), recriando composições, fazendo uso de padrões decorativos que ornavam
peças utilitárias deste povo. Tais composições foram usadas como referência
para os alunos do CAIC. Na oficina, desenvolveu-se assim, com os alunos da
escola, uma atividade prática envolvendo composição e pintura, a partir da
observação dos padrões, ornatos e elementos gráficos presentes em artefatos e
objetos Marajoaras. Sendo trabalhado a percepção visual e a noção de equilíbrio
cromático, utilizando-se mais das cores quentes do que das frias, dos tons
terrosos e vermelhos – característica básica dos ornatos marajoaras –,
explorando o potencial criativo dos alunos na vivência com os elementos
gráficos desta rica cultura. Também foi trabalhado com os alunos as variações e
misturas possíveis das cores a serem utilizadas na estruturação da composição,
ressaltando que além das formas, as cores são uma das características
importantes do estilo desta cultura.
Resultados
e Discussão
A partir do
momento em que há acesso às diversas culturas podem ser explorados seus
elementos, incorporando-os e transfigurando-os em meio à contemporaneidade que
se encontra a sociedade. Sendo uma de suas iniciativas, a visão magisterial
dirige-se, no âmbito da educação básica, em fixar no segmento do ensino
fundamental a busca por uma concepção de arte que se realize através de pesquisas
e discussões sobre a fomentação de um senso de brasilidade. Em contato com a
Arte Marajoara, buscando em seu seio a realidade, a cultura vivenciada por um
povo do qual descendemos, contribui para o sentimento de identidade com nossas
raízes.
Conclusão
A oportunidade
para difundir a cultura brasileira, tão rica e diversificada, é vista como
merecedora de iniciativas e estratégias que busquem estimular e revalorizar
tais saberes na vivência dos alunos da educação básica. Desta maneira é
possível colher elementos díspares de nossa cultura, trabalhando-os como
material didático, fazendo os alunos explorarem tal imaginário, na medida em
que se envolvem numa cultura rica em formas e conteúdos; estimulando o
potencial criativo e agregando tal conhecimento nas vivências do seu cotidiano.
Referências
Bibliográficas
ROSA, Cassia Santos da. Ilusão e
Paraíso: História e Arqueologia na Amazônia. Belém, 2008. Dissertação (Programa
de Pós-Graduação em história Social da Amazônia), Universidade Federal do Pará.
SCHAAN, Denise Pahl. A Linguagem
Iconográfica da Cerâmica Marajoara. Porto Alegre, 1996. Dissertação (Mestrado
em História) - Pontíficia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul.
____________________. A ceramista, seu pote e sua tanga: identidade e significado em
uma comunidade Marajoara. São Paulo, 2003, Simpósio Cultura Material e
Significado, 12º Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira.
____________________. Long-Term Human Induced
Impacts on Marajó Island Landscapes, Amazon Estuary. Belém, PA. Revista do Programa
de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal do Pará, dezembro, 2009.