UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO
RIO DE JANEIRO
XXI
JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Uma Oficina de Painel no Ensino
Fundamental: Imaginário e Iconografia Brasileira
Thais
Souza da Mota Rodrigues¹; Gislane Alves Ribeiro²; Natasha Norberto dos Santos³;
& Luciana Diláscio Neves4.
1.
Bolsista PIBID do Curso de Licenciatura Belas Artes da UFRRJ, Discente do Curso Licenciatura
Belas Artes da UFRRJ; 2. Bolsista PIBID do Curso de Licenciatura Belas
Artes da UFRRJ, Discente do Curso Licenciatura Belas Artes da UFRRJ; 3. Bolsista PIBID do
Curso de Licenciatura Belas Artes da UFRRJ, Discente do Curso Licenciatura
Belas Artes da UFRRJ; 4. Orientadora: Coordenadora do PIBID, professora do
Curso Licenciatura Belas Artes da UFRRJ.
Palavras-chave: Cultura, Brasil,
Desenho, Pintura, Educação
Introdução
A
Oficina em questão foi realizada por alunos que fazem parte do Programa de
Iniciação à Docência – PIBID do curso de Licenciatura Belas Artes da UFRRJ,
acontecendo no próprio atelier do curso, e contando com a participação dos
alunos do 9º ano do Fundamental do CAIC- Paulo Dacorso Filho. O referido
trabalho tratou-se de uma oficina interativa entre alunos do primeiro período
da graduação e os alunos do CAIC. De abrangência prática e teórica foi
elaborada visando oferecer aos participantes uma proposta de realização de
pequenos painéis a partir da iconografia brasileira, envolvendo o imaginário
presente na produção artística do século XVII ao XIX, ilustrando através destas
imagens um pouco da história cultural do Brasil. A oficina requisitou a participação
em atividades de composição, desenho e pintura tanto dos participantes da educação
básica como da graduação, na medida em que, para a realização dos painéis,
criou grupos mesclando alunos das duas instâncias educacionais. Organizada para
a semana do Prodocência – no primeiro semestre de 2011 - a proposta desta
oficina esteve diretamente relacionada à licenciatura, uma vez que objetivava
oferecer aos graduandos a possibilidade de uma atividade a ser desenvolvida no
ensino fundamental.
Materiais e Métodos
Participaram desta oficina discentes do primeiro
período do curso de Belas Artes, professores e alunos do 9º ano do ensino
fundamental do CAIC. A
oficina teve duração de quatro horas e a primeira parte consistiu na
apresentação de inúmeras imagens da iconografia brasileira. Neste sentido,
foram apresentadas através do data-show imagens do Brasil colonial, em geral,
dos artistas viajantes holandeses que aqui estiveram no século XVII, Frans Post
(1612-1680) e Albert Eckhout (1610-1666), sendo estas, praticamente as únicas
referências visuais do Brasil daquela época, uma vez que ainda não existia a
fotografia (e todo restante da produção cultural do período ser voltada para a
arte sacra). Esses pintores foram responsáveis por quase tudo o que conhecemos
do Brasil naquele período: paisagens, animais, frutas, as construções e os
tipos humanos que aqui viviam. No século XIX então, foram atraídos para o
Brasil inúmeros artistas viajantes que vinham nas expedições ou que se fixavam
no país encantados pela exuberância tropical do novo continente. Deste período,
foram mostradas imagens artísticas de Johann Moritz Rugendas (1802-1855),
Nicolas Antoine Taunay (1755-1830), Jean Baptiste Debret (1768-1848), Thomas
Ender (1793-1875), entre outros. A idéia
era apresentar um pouco da feição do Brasil, assim como suas transformações,
formação e história cultural contadas exclusivamente através destas imagens
visuais. Foram salientadas também as inúmeras referências de flora e fauna
realizadas neste período, tais como ocorriam nas expedições científicas. Após a
apresentação de tais imagens, os participantes executaram uma pequena atividade
de desenho - realizada individualmente- a partir da observação das
configurações dos desenhos de flora e fauna apresentados.
Em seguida, foram formados grupos mesclando alunos da graduação e do
fundamental. Seriam elaborados cinco painéis no tamanho de 1,00 x 0,80 m, a partir dos elementos observados nas
imagens apresentadas e dos desenhos elaborados por cada um. Para confeccionar o
painel foi utilizado a técnica de pastel seco, confeccionados anteriormente pelos
bolsistas do PIBID de Belas Artes. Essa técnica consiste na mistura de goma
adragante com pigmentos: “O pastel produz um tipo de pintura delicada e macia,
próprio do envolvimento dos pigmentos, uns com os outros, produzindo um
esfumado agradável e aveludado...” (Motta e Guimarães,1976). Para as atividades
de desenho e composição que envolveram a confecção dos painéis foram dados
alguns procedimentos que visavam aguçar a percepção das formas, propiciando uma
integração entre observação e imaginação como princípio de construção das
composições.
Resultado e Discussão
Com a referida oficina buscou-se
basicamente dois objetivos: propiciar um imaginário brasileiro – que serviria
de tema para os painéis – a partir das imagens artísticas apresentadas, e
aproveitando para contextualizar sobre elementos da formação cultural do
Brasil. Por outro lado, exercer uma atividade envolvendo desenho, pintura e
composição, abrindo espaço para reflexões próprias do meio pictórico,
envolvendo mais propriamente atividades de percepção de formas e misturas de
cores. As imagens artísticas utilizadas, de caráter naturalista sobre aspectos
e elementos deste cenário brasileiro, serviram à percepção das formas
observadas, convergindo na elaboração dos painéis, a percepção e a imaginação:
“O sistema dialógico que integra a
imaginação e a observação como princípios orientadores do ensino da arte
inspira-se evidentemente no romantismo” (BARBOSA, 2002, p. 83).
Conclusão
O processo de criação de painéis a
partir da iconografia brasileira, envolvendo alunos da graduação e da educação
básica possibilitou integração e troca de experiências entre estes. O trabalho
com a produção artística do séc. XVII ao XIX propiciou um imaginário sobre o
Brasil que serviu de tema aos propósitos das atividades de desenho e composição
requisitadas pelos painéis. Salienta-se
o enriquecimento do imaginário visual proporcionado pela observação de formas
ricas e variadas de expressão, possibilitando um espaço distendido desta
experiência em que a assimilação de novas formas se fundem na percepção e
expressão particular de cada aluno.
Referências Bibliográficas
BARBOSA, Ana Mae. Jonh Dewey e o Ensino
da Arte no Brasil.São Paulo: Cortez, 2002.
BUENO, Alexei. O Brasil do Século XIX
na Coleção Fadel. Rio de Janeiro: Instituto Cultural Sergio Fadel, 2004.
CAMPOFIORITO, Quirino. História da
Pintura Brasileira, 5 Volumes, Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
HERKENHOFF, Paulo. O Brasil e os
Holandeses. Rio de Janeiro: GMT Editores, 1999.
MOTTA,
Edson. Iniciação à Pintura. Rio de
Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1976.